“Houve muitas crises na história da humanidade, muitos períodos de interregno, nos quais as pessoas não sabiam o que fazer, mas elas sempre acharam um caminho. A minha única preocupação é o tempo que levarão para achar o caminho agora. Quantas pessoas se tornarão vítimas até que a solução seja encontrada?” – Zygmunt Bauman.
Havia um mundo onde existiam conceitos sólidos: carreiras e profissões, ideologias, bens materiais mais resistentes (menos descartáveis) e relacionamento entre as pessoas. A denominada sociedade pós-moderna chegou não impondo limites bem definidos e com ela o conceito de “liquidez” – onde as certezas , ações e crenças foram diluídas.
Com isso o ser humano, sujeito social-afetivo-emocional, que necessita de estabilidade e segurança em suas relações pessoais e profissionais caiu em uma profunda crise existencial, sentindo um “vazio existencial”, questionando o sentido e o valor de sua vida, que tornou-se instável e sujeita à todas rápidas e constantes mudanças.
Viktor Frankl, médico psiquiatra austríaco, que no começo do século passado criou a Logoterapia, explora a dimensão existencial e espiritual do ser humano. Foi autor de inúmeros trabalhos e livros no campo da Psicologia Existencial. Sobreviveu ao temível campo de concentração nazista de Auschwitz, deixando em sua obra o seu testemunho de vida, através da superação de perdas e torturas sofridas como prisioneiro na Segunda Guerra Mundial.
A resposta ao questionamento de Bauman pode ser encontrada por meio da prática da Logoterapia de Frankl que acreditava que a busca do sentido de vida é a instância última e principal da existência. Nunca em toda a história da humanidade tivemos uma geração tão depressiva e ansiosa, altamente propensa ao suicídio, cujos índices são alarmantes em sociedades com boa condição social e estabilidade financeira.
Qual seria a explicação? Falta de objetivos, necessidades e metas a serem atingidas? Ausência da sensação de estabilidade e segurança?
Frankl em seus livros alega que o Homem contemporâneo pode encontrar o sentido de sua vida de três maneiras: dedicando-se ao próximo, numa relação de amor genuíno; engajado num trabalho e esforço de entrega pessoal e finalmente na ausência destes dois através do próprio sofrimento. O autor afirma que “mesmo nas situações mais absurdas, dolorosas e desumanas, a vida tem um significado em potencial e portanto, até o sofrimento tem sentido...”
O ser humano tornou-se vítima de uma sociedade altamente consumista, competitiva e exigente, onde a aparência é valor mais importante que generosidade, senso de comunidade e altruísmo; de uma sociedade que impõe rigorosos padrões estéticos e comportamentais. A humanidade está totalmente sujeita aos condicionamentos, padrões de personalidade, posição sócio-cultural e determinismos genéticos? Acredito que o ser humano tem a escolha de decidir e agir em face de todas as circunstâncias, apesar de todos estes fatores.
Ansiedade, sentimento de solidão, depressão, vazio existencial, egoísmo são alguns dos sentimentos e sintomas da atual sociedade que passa por uma crise de individualismo e apego ao materialismo instantaneamente disseminado através das redes sociais e meios de comunicação de massa.
Portanto, o autoconhecimento se faz premente aliado à profunda reflexão à respeito da responsabilidade que cada um tem perante a vida. O homem é o que pensa... seus pensamentos determinam seus sentimentos que geram suas ações que transformam sua vida e por consequência sua sociedade.
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